Autor: Cláudio Murilo, Poesia Viva 1, RJ -
Ed. Civilização Brasileira, 1968
É preciso reformar a casa,
abrir as janelas,
que o vento penetre
em todos os cantos.
É preciso destruir as cercas,
que as crianças entrem,
pisem nos canteiros,
construam a sua alegria.
É preciso reformar a rua,
que todos andem por ela.
As lojas, os bares, os cinemas
nos mantenham assim
unidos e em paz.
É preciso reformar a cidade.
É preciso, antes e sempre,
reformar o homem.
É preciso despi-lo,
é preciso mostrar
que todos somos irmãos.
É preciso um novo dilúvio.
É preciso reescrever os livros.
É preciso reencontrar a terra.
É preciso que uma torrente
invada todos nós
e lave nossa alma.
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